Eu nasci apegada! A coisas,
lugares, pessoas. E demorei quase 30 anos para mudar! Antes tarde do que nunca,
né? E o que me deu o “start” nesse processo foi o Querido Closet, o brechó
queridinho que eu e uma prima criamos em sociedade há três anos. Vendo a
oportunidade de ganhar dinheiro com as roupas que eu amava, mas não usava mais,
ou porque não serviam, ou porque não combinavam mais comigo, ficou mais fácil
desapegar. Então comecei a tirar do armário tudo aquilo que não me atendia mais
e – o melhor – sem dor no coração. Com isso, eu abri espaço para peças novas,
que combinam muito mais comigo e compõem o meu estilo atual.
No ano passado, me mudei para um
apartamento onde o meu quarto é metade do tamanho do anterior e,
conseqüentemente, o espaço para guardar minhas coisas também. Passei de um armário
de quatro portas para um de duas e tive que eliminar 50% das minhas roupas,
sapatos, acessórios e tralhas. Sim, como juntamos tralha! E, um ano após essa
mudança, eu digo sem a menor dúvida: não preciso de nada além do que já tenho!
Claro que sempre compro coisas novas, mas quando vejo que o armário está
ficando lotado, tiro algumas coisas que já não uso tanto.
E o desapego acabou se estendendo
para muito além do guarda-roupa. Tenho tentado diminuir o número de objetos em
casa. Adoro artigos de decoração, mas não dá pra guardar um bibelô de cada lugar
que eu visitar! Não preciso de uma miniatura da torre de pisa para me lembrar
da Itália, por exemplo, pois tenho minhas memórias, minhas lembranças, que me
acompanham aonde eu for. Claro que tenho alguns objetos específicos e preferidos,
mas não vejo mais necessidade de manter todos. Livros, só os favoritos, o resto
vai para o sebo.
Diminuí os saltos, a maquiagem. Parei
até de usar o secador de cabelo! E olha que foram mais de 15 anos de vício. Vício
mesmo, gente, do nível de levar secador pro acampamento! Hahaha! E não tem nada
a ver com falta de vaidade, mas sim com simplicidade. Ando bastante interessada
no minimalismo, por influência de uma amiga, mas ainda não tive tempo de me
aprofundar no assunto.
Mas o desapego mais surpreendente
para mim foi, sem dúvidas, o emocional. Como mudei nesse aspecto! Consegui
cortar o cordão umbilical e, embora não seja fácil, é libertador! Troquei o
papel de amiga ciumenta pelo de amiga que agrega os amigos dos amigos,
ganhando, assim, mais amigos! E em relação aos paqueras, também mudei consideravelmente.
Eu era daquelas pessoas que nem tinha ficado com o cara e já estava apaixonada!
Hoje sou mais pé no chão, o que tem poupado bastante meu coração cansado.
Claro que nem tudo deve ser
descartado. Como tudo na vida, é preciso haver um equilíbrio! Mas tenho acreditado
muito na ideia de que é preciso viver com menos. Porque tudo que é demais
sufoca – até mesmo o amor, acredite. E nada me encanta mais do que a liberdade!
“Desapego
Não desamor
Tem tanto jeito de cuidar de alguém
Se você sabe o que é amar
Nunca irá aprisionar ninguém
Melhor livre
E ser como for
Quem ama o outro não fará refém
Deixa partir quem já não quer ficar
Deixa chegar quem vai te fazer bem”
(Silva)