terça-feira, 19 de julho de 2016

Sagitariana nata

Sagitário: extrovertido, sociável, engraçado, sincero. Muito desastrado. Ama a liberdade, aventura, viajar. Detesta sentir-se preso, é exagerado e irresponsável.

Eu nunca fui a louca da astrologia, mas sempre gostei de signos. Na adolescência, era bastante ligada nisso, lia o horóscopo todos os dias, tinha livros sobre o assunto, fazia combinações do meu signo com os signos dos paqueras (quem nunca? Haha!). E me identificava com algumas características, outras nem tanto. Mais velha, acabei me desligando um pouco. Mas, dia desses, li um texto sobre sagitário que me deixou até assustada! Como é possível você se identificar com cada linha, cada palavra escrita por alguém que não te conhece? Caramba, era eu descrita ali, sem tirar, nem por!

E o texto começava assim: “Calma, não pira. Ela é assim mesmo. Odeia que fiquem no pé, perguntando pra onde vai, pra onde deixa de ir e que horas vem. “

Eu já sabia, muito antes de me mudar, que ia amar morar sozinha! E, nesses três primeiros meses, não me decepcionei em absolutamente nada.  Ok, nem tudo são flores. Eu não sabia que meu cabelo caía tanto. Sério, dá pra fazer uma peruca cada vez que eu varro o meu quarto! E, a propósito, eu detesto varrer! Minha amiga até sacaneia o jeito que seguro a vassoura, sem a menor intimidade. E sinto vontade de fugir toda vez que tenho que arrumar a cozinha quando acordo de ressaca. Mas tudo isso já era previsto! E nada tira a satisfação de ter o meu próprio espaço, a minha vida própria.

Amo ter meu canto, mesmo que seja eu que tenha que limpar. Amo inventar receitas novas, mas também não me importo de improvisar uma omelete quando não tem mais nada na geladeira ou quando estou com muita preguiça. Amo poder abrir uma garrafa de vinho em plena segunda-feira sem ter ninguém para me julgar (minha housemate é tão bebum quanto eu, haha). Lavar roupa na máquina é mole e passar é para os fracos. Mas o melhor de tudo, sem dúvida nenhuma, é não ter ninguém para pegar no meu pé. Ninguém para me perguntar que horas vou sair, ou voltar, se vou pra casa cedo, se já estou chegando.

Segunda-feira passada saí do trabalho e fui ao cinema ver um filme argentino que estava muito a fim. Quando acabou a sessão, um amigo me ligou convidando para ir até a casa dele. Cheguei lá e decidimos fazer uma pizza, batemos papo e, quando vi, já era onze e meia da noite! E só de pensar que eu não tive que avisar ninguém , dar satisfação de nada e muito menos ter que dizer que horas iria chegar em casa, me dá uma sensação de liberdade tão maravilhosa que nem sei explicar!  Parece exagero, mas pode acreditar, até pouco tempo atrás, qualquer programa simples desse era uma verdadeira missão para mim!

Dizem que depois dos 30 a gente começa a se identificar mais com nosso ascendente (o meu é touro), mas, no meu caso, a astrologia está fazendo o caminho inverso. Eu ando cada dia mais sagitariana! E acho que isso acontece porque só agora estou me conhecendo de verdade. E sei que isso é só o início da enorme descoberta e aprendizado que é morar sozinha. E é como dizem: antes tarde, do que nunca!

Mas não se enganem, eu também não sou essa ovelha tão desgarrada assim. Tenho o meu lado carente, romântica e apegada, que precisa de muita atenção. Deve ser culpa da lua em leão, ou algo assim. Não me cobre, mas também não me ignore, ok? Porque é exatamente como diz esse texto que citei no início: “Ela odeia que fiquem no pé, perguntando pra onde vai, pra onde deixa de ir e que horas vem. Mas, se não fizer isso, ela sente falta.”

Calma, não pira. Ela é assim mesmo.

Ela é de sagitário!