terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Dezembro

Normalmente, dezembro é um mês que me deixa muito emotiva e reflexiva. Mas esse ano foi tanta correria, que nem pra isso tive tempo! Totalmente atarefada entre um emprego e outro, quando vi, já era meia noite do dia 24 e eu estava ajeitando a barba falsa do meu primo. Literalmente uma ajudante de Papai Noel! Hahaha!

Você tem certeza que está ficando velha quando, além de odiar balada, salto alto e começar a fazer parte do clube do vinho, você passa também a rezar para que Dezembro acabe logo! Sério, eu nunca entendi o pavor que meu pai nutria por esse mês, mas esse ano eu tive uma pequena mostra do que é Dezembro na vida adulta! Mal consegui comemorar meu aniversário de tanto que trabalhei! E ainda fui roubada no dia. =/ Mas isso é uma outra história...

Dezembro sempre foi o meu mês favorito! Época de festas, comemorações, aniversário, Natal e Ano Novo! Quando todo mundo fica mais sensível e a gente reencontra amigos que, muitas vezes, mal vimos durante o ano. Tempo de confraternizar, só alegria! Apesar de sempre muito corrido, até ano passado, minhas maiores preocupações eram organizar minha festa, comprar os presentes de Natal e escolher minhas roupas. Vida dura, não? Até que chegou 2016 sacudindo tudo!

O ano mais esquisito dos últimos tempos, porém marcado por muitas mudanças para mim. Eu finalmente saí de casa, e isso afetou diretamente todas as outras áreas da minha vida. Em grande parte, positivamente! Me tornei mais livre, em todos os sentidos. Dona do meu nariz, das minhas vontades e da minha vida. Independente. Cada dia mais autossuficiente – isso até me assusta um pouco! Estou planejando minha primeira viagem sozinha. Abri meu próprio negócio em sociedade com minha prima/amiga/irmã. Diminuí consideravelmente meu consumismo desenfreado, muito por falta de grana, mas bastante por consciência também.

E em 2017 quero mais! Aliás, quero menos. Menos brigas por coisas bobas, menos stress, menos tristeza, menos compras desnecessárias, menos correria no dia-a-dia, menos insegurança, menos egoísmo, menos cobrança, menos preocupações, menos preguiça. Quero reclamar menos e viver mais! Estar menos conectada no celular e mais com a natureza! Uma vida menos corrida, para que eu consiga perceber a beleza das coisas simples todos os dias. Estou super interessada no minimalismo, inspirada por uma amiga que adotou esse estilo de vida recentemente e parece muito feliz. A gente realmente não precisa de tanto!

A única coisa que quero em abundância é saúde, fé e amor! Amor-próprio, amor pelo próximo e amor pela vida. E, se não for pedir muito, um amor bem lindo pra mim! Porque esse é o sentimento que move todo o resto!  <3

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

As 4 estações

Que o clima está louco e as estações embaralhadas, não é novidade para ninguém. Essa semana mesmo eu estava de bota e vestido meia manga, em pleno novembro, dá pra acreditar? E confesso que estou achando ótimo não derreter já às 8h da manhã. Logo eu, que sempre amei o verão! Mas, enquanto não sobrar uma graninha pra colocar um ar condicionado na casa nova, estou curtindo muito esse outono fora de época!

A verdade é que, depois dos 30, muita coisa mudou por aqui. Assim como passei a preferir barzinho a balada, rasteirinha a salto alto e até panettone a chocottone ( sim, eu sei, passas e frutas cristalizadas são o cúmulo da velhice), eu acho que agora também prefiro o outono ao verão! Dias lindos, céu azul, clima ameno. Nada de sair do banho suando. Que delícia!

E numa dessas noites bem fresquinhas de setembro, um amigo muito querido foi lá em casa jogar tarô pra mim. Sim, sou dessas! Assim que ele abriu as cartas, viu que as coisas não andavam muito boas pro meu lado. Depois de me assustar um pouco (ele muito direto, eu muito apavorada, hahaha), ele disse que era só uma fase, que, claro, não ia durar pra sempre e me explicou, de um jeito muito delicado, que era como se eu estivesse no meu próprio inverno. A partir desse dia, comecei a refletir muito sobre isso e percebi que nós, assim como as estações do ano, também passamos por várias fases.

No início de 2016 eu estava em pleno verão! Recém-saída da casa da minha avó, dividindo apartamento com minha melhor amiga, dona do meu próprio nariz, das minhas vontades, da minha vida! Eu estava tão feliz, numa fase tão boa, que toda a minha alegria e autoconfiança refletiam e eu brilhava como um sol! Aquela velha história de que quando estamos bem com nós mesmos, estamos bem com o mundo!

Um tempo depois, veio o outono. Segundo o Google, “do ponto de vista cultural, o outono é uma estação que inspira beleza, mas também melancolia e transição, sendo considerado por muitos como um tempo de mudança.” E foi exatamente isso, uma fase de transição. Como se o vento tivesse chegado pra levar embora, junto com as flores e folhas, alguma beleza, muitas certezas e alguém bastante especial. Menos sol, menos brilho, menos calor.

E aí chegou o inverno! Mais escuro, mais frio e mais... triste. Tempo de hibernar. Ficar na minha, olhar pra dentro, cuidar de mim. Estou numa fase bem mais reclusa, e tudo bem! Até me lembrei de uma citação que ouvi na primeira vez que jogaram tarô pra mim, há uns 15 anos. Era mais ou menos assim: “Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, realiza.”

Embora seja um momento diferente, estou aproveitando para me conhecer melhor, descobrir meus verdadeiros desejos e me preparar para o que vem depois. Pois, como me explicou meu amigo, se uma flor desabrochar no inverno, ela não vai sobreviver, é preciso aguardar o tempo certo para florir. Então, que venha a primavera!

terça-feira, 19 de julho de 2016

Sagitariana nata

Sagitário: extrovertido, sociável, engraçado, sincero. Muito desastrado. Ama a liberdade, aventura, viajar. Detesta sentir-se preso, é exagerado e irresponsável.

Eu nunca fui a louca da astrologia, mas sempre gostei de signos. Na adolescência, era bastante ligada nisso, lia o horóscopo todos os dias, tinha livros sobre o assunto, fazia combinações do meu signo com os signos dos paqueras (quem nunca? Haha!). E me identificava com algumas características, outras nem tanto. Mais velha, acabei me desligando um pouco. Mas, dia desses, li um texto sobre sagitário que me deixou até assustada! Como é possível você se identificar com cada linha, cada palavra escrita por alguém que não te conhece? Caramba, era eu descrita ali, sem tirar, nem por!

E o texto começava assim: “Calma, não pira. Ela é assim mesmo. Odeia que fiquem no pé, perguntando pra onde vai, pra onde deixa de ir e que horas vem. “

Eu já sabia, muito antes de me mudar, que ia amar morar sozinha! E, nesses três primeiros meses, não me decepcionei em absolutamente nada.  Ok, nem tudo são flores. Eu não sabia que meu cabelo caía tanto. Sério, dá pra fazer uma peruca cada vez que eu varro o meu quarto! E, a propósito, eu detesto varrer! Minha amiga até sacaneia o jeito que seguro a vassoura, sem a menor intimidade. E sinto vontade de fugir toda vez que tenho que arrumar a cozinha quando acordo de ressaca. Mas tudo isso já era previsto! E nada tira a satisfação de ter o meu próprio espaço, a minha vida própria.

Amo ter meu canto, mesmo que seja eu que tenha que limpar. Amo inventar receitas novas, mas também não me importo de improvisar uma omelete quando não tem mais nada na geladeira ou quando estou com muita preguiça. Amo poder abrir uma garrafa de vinho em plena segunda-feira sem ter ninguém para me julgar (minha housemate é tão bebum quanto eu, haha). Lavar roupa na máquina é mole e passar é para os fracos. Mas o melhor de tudo, sem dúvida nenhuma, é não ter ninguém para pegar no meu pé. Ninguém para me perguntar que horas vou sair, ou voltar, se vou pra casa cedo, se já estou chegando.

Segunda-feira passada saí do trabalho e fui ao cinema ver um filme argentino que estava muito a fim. Quando acabou a sessão, um amigo me ligou convidando para ir até a casa dele. Cheguei lá e decidimos fazer uma pizza, batemos papo e, quando vi, já era onze e meia da noite! E só de pensar que eu não tive que avisar ninguém , dar satisfação de nada e muito menos ter que dizer que horas iria chegar em casa, me dá uma sensação de liberdade tão maravilhosa que nem sei explicar!  Parece exagero, mas pode acreditar, até pouco tempo atrás, qualquer programa simples desse era uma verdadeira missão para mim!

Dizem que depois dos 30 a gente começa a se identificar mais com nosso ascendente (o meu é touro), mas, no meu caso, a astrologia está fazendo o caminho inverso. Eu ando cada dia mais sagitariana! E acho que isso acontece porque só agora estou me conhecendo de verdade. E sei que isso é só o início da enorme descoberta e aprendizado que é morar sozinha. E é como dizem: antes tarde, do que nunca!

Mas não se enganem, eu também não sou essa ovelha tão desgarrada assim. Tenho o meu lado carente, romântica e apegada, que precisa de muita atenção. Deve ser culpa da lua em leão, ou algo assim. Não me cobre, mas também não me ignore, ok? Porque é exatamente como diz esse texto que citei no início: “Ela odeia que fiquem no pé, perguntando pra onde vai, pra onde deixa de ir e que horas vem. Mas, se não fizer isso, ela sente falta.”

Calma, não pira. Ela é assim mesmo.

Ela é de sagitário!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Entre Nós

No último final de semana, rolou a tradicional festa junina no sítio da Vó Célia. Há 7 anos (pulando apenas um), eu organizo um “arraiá” para os meus amigos no sítio da minha avó. É sempre uma delícia, um final de semana gostoso, com muita risada, bebida, comida e diversão. O sítio é lindo! Tem sauna, piscina, campo, churrasqueira e uma varanda bem grande, onde a galera fica espalhada, super à vontade. Normalmente, vão de 15 a 20 pessoas, não mais que isso, contando amigos, primos, namorados e agregados.

Quem me conhece, sabe que eu amo receber pessoas! Todo mundo já confirmou presença? Vão chegar que horas? Preciso fazer a lista de compras! Levem caixa de som e playlist, porque não entendo nada disso! Não esqueçam colchonete. Será que vai faltar comida? E, normalmente, sobra! Haha! Sempre fico meio maluca com a organização, mas adoro! E, se tem uma coisa da qual eu me orgulho muito, é de ser alguém que agrega pessoas.

Nosso grupo é totalmente variado! Tem gente doida e gente careta, tem gay e hétero, tem casado e solteiro, com filho e sem filho. Tem ex-namorados que convivem numa boa, tem gente que já ficou e hoje em dia não tem nada a ver, tem de direita e tem de esquerda, tem de humanas e de exatas. Muitas dessas pessoas se conheceram e/ou se aproximaram através de mim, e hoje são amigos independente de mim! Todo mundo se diverte, se ama, se dá bem e eu acho isso lindo!

Domingo, quando acordamos, as pessoas levantaram e começaram a se organizar para ir embora, saindo aos poucos. No final da tarde, restamos apenas eu e mais oito. E, no meio de uma conversa qualquer, começamos a falar sobre o filme “Entre Nós”, uma produção nacional e muito boa, por sinal. No filme, um grupo de amigos se reúne em uma casa de campo, para lerem cartas que eles mesmos tinham escrito e enterrado 10 anos antes. O reencontro traz à tona frustrações, antigas paixões, segredos e confrontos. As atuações são ótimas e a história retrata perfeitamente os efeitos do tempo em nossas vidas.

E é claro que tivemos a idéia de fazer o mesmo! Cada um escreveu sua cartinha, falando de como estamos hoje e como esperamos/acreditamos estar daqui a 4 anos. Somos muito ansiosos, não agüentaríamos esperar por 10! Então, marcamos de abrir na 10ª edição da festa junina. Embalamos as cartas em plástico filme, enfiamos em uma garrafa de vinho, cavamos um buraco na terra, com direito a trilha sonora e tudo, e enterramos! Não sei se eu que sou muito emotiva, mas achei um momento lindo e muito poético!

Possivelmente riremos do que está escrito lá dentro! Ou talvez nos surpreendamos com as voltas que a vida dá... Mas a única coisa que espero realmente, é que ainda sejamos amigos, que estejamos juntos, e que nosso reencontro seja natural e esperado, e não uma obrigação por causa do compromisso firmado. E que venha 2020!

Elenco do filme

Nosso momento

Nossa trilha sonora


terça-feira, 24 de maio de 2016

Obrigada!

Há 15 dias, escrevi aqui no blog um texto falando sobre o momento de oração da minha antiga escola. Compartilhei no facebook, alguns amigos curtiram e comentaram, aqueles que sempre lêem o que escrevo e me incentivam! Dentre eles, minha tia, que é professora lá, gostou do texto e disse que iria encaminhar para ser publicado no site do colégio. Adorei a notícia! Alguns dias se passaram e o texto entrou no ar. E começou a chover notificação no meu celular!  

Inúmeros comentários de amigos, de antigos colegas de turma, de ex-professores, de familiares e até de pessoas desconhecidas, que estudaram na mesma escola e se recordaram desse momento tão especial! Uma ex-professora me escreveu: “Que lindo texto! Você, como sempre, carinhosa e surpreendente”. Meu tio me mandou mensagem: “Me emocionei com você. Novinha (obrigada, tio!) e madura”. E ontem, quando entrei no blog, vi que o texto já contava quase 2 mil visualizações! Quase morri de emoção! Meu texto mais acessado, até então, tinha 400, e eu já achava o máximo!

Eu estaria mentindo se dissesse que não fico lisonjeada. É muito bom saber que sou capaz de despertar emoção nas pessoas através do que eu escrevo – sendo isso o que eu mais gosto de fazer. E me sinto incrível sendo propagadora de boas palavras! Mas, o mais maravilhoso, é perceber que as pessoas ainda se deixam tocar! Por um texto, uma música, uma lembrança especial. Que, mesmo no meio dessa vida maluca, corrida, as pessoas ainda são capazes de se emocionar, de se importar. Isso é o mais lindo!

Depois disso, criaram um grupo no whatsapp e parece que, 14 anos depois de formados, vai sair o primeiro encontro da nossa ex-turma de 3º ano. Vai ser demais! E tudo por causa de um simples texto! É o que sempre digo: o bem atrai o bem! Bons pensamentos geram boas palavras, que geram boas ações, que gera gente feliz! Gentileza gera gentileza!

Agora é hora de baixar o ego e agradecer a todo mundo que entrou no blog, leu, comentou, compartilhou e que, de alguma forma, fez crescer um sorriso bobo no meu rosto. Muito obrigada!  :)

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Être bien dans sa peau

A frase que dá título a este texto é uma expressão francesa que significa, ao pé da letra: estar bem dentro da sua pele. Ou seja, estar bem com você mesmo! Quando aprendi isso no meu curso de francês, minha professora me usou como exemplo, dizendo que eu parecia uma pessoa de bem com a vida, comigo mesma, à vontade no meu próprio corpo. Fiquei tão feliz!

Sim, é bem verdade que eu ando bastante satisfeita com o que/quem estou me tornando, exterior e interiormente, e é maravilhoso que isso transpareça nas minhas atitudes, no meu modo de vida! Mas não foi sempre assim. Eu já fui uma menina muito, muito complexada. Com tudo! E trabalhei muito para restaurar minha autoestima e me transformar nessa pessoa super bem resolvida que me considero.

Na adolescência, me achava uma baleia, mesmo sendo bem mais magra do que hoje em dia. Agora, aos 31, sei lá, não me sinto magra, nem gorda. Tenho barriga, celulite, um pouco de estrias. Mas nada disso tira a beleza de um corpo que é só meu! Cheio de vida, de histórias, de pipoca no cinema, de brigadeiro de colher, de cerveja com os amigos. Jamais me privarei desses prazeres, porque é isso que me faz feliz!

Mesmo tendo sido baixinha desde sempre, nunca me incomodei com isso, até que comecei a namorar um cara que media quase 2 metros! Aí, não ia nem na padaria sem salto! Que bobeira! Como se alguns centímetros fossem mudar muita coisa na nossa enorme diferença de altura. Ainda não fico à vontade em ir pra “night” de rasteirinha, por exemplo, mas confesso que tenho diminuído cada vez mais o tamanho dos saltos. Na verdade, sapatos altos são itens bem raros no meu armário. E me sinto bem sem eles!

Mas não foi de uma hora pra outra que eu deixei de lado essas e outras encanações. Na realidade, a construção dessa nova Marina levou um tempo, foi um trabalho longo e delicado, e três coisas que iniciei durante o ano passado foram fundamentais para o meu novo eu: religião, terapia e francês. Esse trio mudou a minha vida! Vraiment!

Sei que estou virando uma beatinha, mas me encontrar de verdade em uma religião me transformou completamente! Tenho uma fé inabalável, que me traz muita confiança e a certeza de que nunca estou sozinha. Isso é maravilhoso! A terapia tem me ajudado em vários aspectos, mas principalmente a perceber que, toda a mudança que nós desejamos, tem que partir de dentro da gente. É clichê, mas é isso! E tenho visto minha vida mudar para muito, muito melhor!

E o francês? Bem, o francês é o meu hobby! Sabe há quantos anos eu não tinha um hobby? Nem eu sei... Uma coisa que eu faço apenas por lazer, por gostar, por prazer mesmo. Hoje vejo o quanto isso é importante. E ainda encontrei uma professora que, além de excelente profissional, é uma fofa! Temos muita afinidade e nossas aulas parecem mais um encontro de amigas do que um trabalho. Muitas vezes, o curso de francês é a hora mais legal do meu dia! Amo!   

É claro que ainda tenho minhas inseguranças, muitas! Mas hoje vejo minha vida completamente diferente de um ano atrás, e me sinto melhor também! Mais bonita, mais determinada, mais feliz! E acho que, quando você descobre prazer na vida, ela te recompensa em dobro!  Acredito muito nessa energia, na importância de ser positiva e fazer o bem. E, de fato, quando me olho no espelho, gosto muito do que vejo. A verdadeira beleza vem de dentro!

“Acredito que as garotas felizes são as mais bonitas!” Audrey Hepburn.

Esse foi o caminho que eu encontrei para “être bien dans ma peau”. Pretendo segui-lo pelo resto da vida!

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Oração

Tendo estudado a vida inteira na mesma escola, da alfabetização ao pré-vestibular, foi inevitável que eu desenvolvesse um carinho enorme por lá! Mesmo tendo chorado muito nos primeiros anos (sim, eu era uma criança muito chata), só tenho boas lembranças do lugar que, por muito tempo, foi meu segundo lar! Amigos, professores, momentos. E um desses momentos que me recordo com muita felicidade, é a hora da meditação/oração/reflexão.

Todos os dias, às 08h15, tocava um sino, os professores paravam a aula, e entrava uma música instrumental, para que a gente fizesse uma reflexão, ou oração, ou o que quisesse. E era incrível como todos, até os mais bagunceiros (eu incluída, hihi) respeitavam. Mesmo que não levassem a sério, todo mundo ficava em silêncio. Imagina fazer uma escola inteira ficar quieta? Era realmente um momento de paz. E eu adorava!

Depois que terminei o 3° ano, nunca mais ouvi aquela canção, até porque tenho horror a música instrumental. Eu sei, sou horrível, me julguem. Mas, aquele som que não começa a cantar nunca, me dá uma agonia que não sei explicar! Estou tentando mudar isso, mas é um processo longo e complexo! Hahaha!

O fato é que, hoje, precisei voltar ao Colégio Verbo Divino para entregar uma sacola para a minha tia, que é professora. Claro que já tinha ido lá algumas vezes depois que me formei, inclusive eu passo em frente a ele todos os dias, já que fica no caminho da casa da minha avó. Mas nós, adultos idiotas, esquecemos de ver as coisas com os olhos do coração, e aquele prédio enorme e laranja acabou se tornando apenas mais uma construção no caminho.

Mas hoje, quando pisei na minha escola do coração, estava tocando uma música. Não era a mesma canção, não era 8h15, mas era o momento de reflexão e aquilo me deu uma nostalgia enorme! Que saudades! Quantas vezes, nesses 14 anos (gente, eu estou realmente velha), eu tive um momento de reflexão, paz e silêncio, como aquele? Posso afirmar que foram pouquíssimas.  Na verdade, até um ano atrás, eu estava mais perdida e agitada do que nunca.

E, aos 31, você começa a dar mais valor nessas coisas, sabe? Você começa a perceber que esses momentos são muito mais importantes do que parecem quando você tem apenas 15, você começa a se incomodar com a correria do dia-a-dia, você deseja ter tranqüilidade, muito mais do que dinheiro, você quer tempo, quer chegar em casa e ler, ouvir uma música ou simplesmente ficar em silêncio. Desacelerar. Você quer paz.

Eu não sei meditar, mas encontrei essa paz na oração. Rezar é a minha forma de meditar, de refletir, de ter paz. Claro que não consigo isso todos os dias, apenas fazendo o sinal da cruz ao me deitar. Mas, quando acendo uma vela, me concentro de verdade e rezo com toda a força do meu coração, eu sinto uma paz que não sou nem capaz de explicar. É maravilhoso!

Então termino meu texto com essa música que me fez começar a perceber o verdadeiro valor e importância disso. É um clipe da Família Lima, velho, super cafona, mas feche os olhos e ouça com o coração! Vale a reflexão!


"Há tanto barulho no mundo! Aprendamos a estar em paz dentro de nós mesmos e diante de Deus." Papa Francisco <3

sexta-feira, 11 de março de 2016

Je Vole

Desde que assisti “A Família Bélier”, uma comédia-dramática francesa maravilhosa, tive vontade de vir aqui falar sobre o filme. Na história, Paula é uma adolescente que enfrenta todas as questões comuns da sua idade. Porém, sua família é um pouco “diferente”: os pais e o irmão mais novo são surdos-mudos e, com isso, é Paula quem ajuda na tradução de todo o contato deles com o mundo. Um dia, ela descobre ter talento para o canto e é convidada para participar de uma audição, podendo integrar uma grande escola de canto em Paris. Mas como deixar para trás sua família?

O filme gira em torno desse dilema e é engraçado, delicado, profundo e muito emocionante.  Já assisti várias vezes e, com certeza, se tornou o meu filme favorito, barrando até – pasmem! – minha amada Amélie Poulain. É uma história que fala do amor em suas diversas formas, de descobertas, liberdade, da grandeza e complexidade das relações familiares, mas também da importância e dificuldade de se cortar o cordão umbilical.

É realmente maravilhoso, e eu me identifiquei demais com algumas questões, como, por exemplo, essa inevitável e complicada relação entre a vontade de ir e a responsabilidade de ficar.  Quem me conhece e/ou já leu um pouco do que escrevo aqui no blog, sabe que eu moro com minha avó, hoje com 88 anos. Então, a enorme vontade de sair de casa, que me acompanha há, pelo menos, uns 5 anos, sempre foi uma questão delicada. Eu sabia que, quando decidisse ir, seria difícil dar essa notícia a ela.

2015 foi um ano esquisito, acho que para quase todo mundo, mas também foi um ano de grandes mudanças para mim. E, no finalzinho de dezembro, aos 45 do segundo tempo, com 31 anos na cara, depois de muita terapia, oração e apoio, eu finalmente decidi sair de casa! Fui convidada por uma amiga (dessa e de outras vidas, certeza) para dividir um apê e, depois de vacilar um pouco, eu não pude deixar a oportunidade passar. E topei!

Dá medo? Dá. Mas o medo faz parte da vida! E vencer o medo é essencial para que a gente não deixe nossos sonhos para trás. Só eu sei o quanto e há quanto tempo eu quero ter a minha casa, o meu canto, as minhas coisas do meu jeito, a minha própria vida! As despesas vão aumentar, o trabalho idem, mas, junto com isso, vem o bônus de ser dona do meu próprio nariz! É tudo questão de priorizar, organizar e se programar. Vai rolar stress de convivência no dia-a-dia? Provavelmente. Mas acho que vai ser incrível poder dividir essa experiência com a minha melhor amiga!

E no último domingo, depois de 2 meses de muito choro, reza e desespero, eu contei para a minha avó. Incrivelmente, foi e está sendo bem mais tranqüilo do que imaginei. Dois dias depois, ela me disse que, quando eu estiver na casa nova, posso levar minha roupa de cama para lavar na casa dela, já que não terei muito espaço. Até me emprestou um sofá! Acho que é um bom sinal, haha!

Sei que, até que eu me mude (o que deve acontecer em menos de um mês) e um pouco depois também, ainda terão momentos de tensão. Ela vai ficar triste, chorar, sentir falta. Leva um tempo mesmo para processar, é difícil para mim também, acredite. Mas no fundo ela sabe, tanto quanto eu, que não vai ficar sozinha. Ela tem 2 acompanhantes, 6 filhos e 15 netos! Somos uma família enorme, unida e preocupada, e ninguém vai deixá-la se sentir abandonada. Eu também vou estar sempre por perto – estou apenas mudando de casa, não de país! E essa responsabilidade não é só minha. 

Bom, termino esse meu texto-desabafo, com o vídeo da cena final do filme, que representa perfeitamente esse meu momento. Pra quem ainda não assistiu, já aviso, é spoiler! Mas eu não poderia deixar de postar!  Dê o play, coloque na tela cheia e delicie-se com essa canção maravilhosa! :)