quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tangerina

Há algumas semanas eu peguei um texto que deixaram na minha
escrivaninha na casa de Barra Mansa e somente hoje parei para lê-lo. Não sei
quem o deixou pra mim, mas tô apostando na minha mãe. Obrigada, mamys. Veio num
bom momento!

“Rio de Janeiro, RJ -25/8/2008
A parábola da tangerina- para a Juju

Era um belo dia de sol no bairro carioca do Leblon, que fica na beira da praia mais calma da cidade, menos badalada, mais vazia. Fui encontrar um amigo. Fazia sol de verão em pleno inverno, temperatura alta, mar perfeito. Levei duas tangerinas numa sacolinha, uma para cada um de nós. Conversamos, mergulhamos, o mar subiu molhando nossas coisas, a canga ficou cheia de areia. Peguei na sacolinha, lembrei da tangerina, peguei uma pra mim: um estouro. Meu amigo não quis a dele. Coloquei as cascas e bagaços na sacola e joguei no lixo. Sobrou uma tangerina.

Eu havia estacionado a minha bicicleta ali perto e pretendia dar a minha pedalada habitual até o Arpoador, onde paro a bike e parto para minha caminhada pela areia, de frente para o sol e para a paisagem mais linda do mundo: o Morro Dois Irmãos ao entardecer.

A sacola foi pro lixo, eu estava sem bolsa. Só carregava a pochete daquelas de montanhismo, onde cabe a garrafa de água, um documento, um chapstick e o dinheiro da água de coco da volta. O que fazer com a segunda tangerina, que eu não queria comer e não tinha onde colocar?

Agosto é um belo mês para as tangerinas: mexeriquinhas pequenas, pokans enormes de polpa meio ressecada e casca solta, mil tipos... Minha favorita é a murkot, aquela de casca agarrada na polpa, hiper suculenta, doce e carnuda. Na hora em que mordo um gomo de tangerina, quase acredito na existência de deus. Comprei muitas, minha casa está um showroom de tangerinas. Nesta época do ano, há cascas de tangerina espalhadas para secar, ao sol, nas janelas. Seco as cascas para fazer mil coisas. Uso para aromatizar a água básica do chá, uso ralada no tempero de peixe e frango, uso no purê de abóbora. As folhas, eu seco, guardo e uso muito, muito mesmo, durante todo o ano, em receitas que vou inventando na hora. Bolo de tangerina com casca e tudo é delicioso. Sopa de shiitake com folhas de tangerina. Frango assado no suco de tangerina é demais, casca de tangerina glaçada é o que há, filé de peixe assado com folhas de tangerina é
“exquisite’. Isso tudo para explicar o quanto eu amo tangerina e o quanto acho que ela é a vedete da estação.

O que fazer com a tangerina que sobrava? Olhei em volta e pensei: é fácil! Vou oferecer praquela ali, qualquer um vai querer. “Moça, vc quer uma tangerina?” Ela secava o corpo com a toalha, olhou, sorriu: “Não, obrigada”. Ao lado dela, um trabalhador, de macacão, descansava à sombra do quiosque. Quando cheguei perto dele para oferecer a fruta, ele nem me olhou. Foi logo balançando a cabeça em negativa e acenando com o dedo do não. Tangerina nem pensar. O rapaz
que trabalhava no quiosque também não quis. A moça que passava nem me deixou explicar, passou direto, me evitando. Me senti a bruxa da Branca de Neve oferecendo uma maçã envenenada aos transeuntes.

Por diversão e teimosia, decidi tentar até que alguém aceitasse minha doce e deliciosa tangerina. Nada. Todo mundo com medo, passando direto por mim, me olhando como se eu fosse dar a tangerina e pedir alguma coisa em troca. Eu só queria dar uma tangerina doce deliciosa e perfeita para alguém e ninguém queria. Eu ria. Dois surfistas riram, achando tudo estranho: não, obrigada. Um guardador de carros declinou: acabei de comer um doce. Um senhor que caminhava rapidamente entendeu meu drama, mas também não quis.

Dois pescadores não quiseram, mas um deles disse: “obrigado pelo seu bom coração”. Por fim encontrei um homem sentado numa cadeira, ali ao lado do quiosque. Moço, vc quer essa tangerina? “Ô, meu deus, que sorte, que maravilha, não poderia ter aparecido em hora melhor, sou louco por isso!” Pegou a tangerina, levantou e começou a descascar a bela fruta, feliz da vida. Um outro, vendo a cena, disse: “Da próxima vez traga duas, eu também adoro, vou
ficar na vontade”...

Moral da história: a sua tangerina pode ser a mais doce, mais perfeita, a mais deliciosa do planeta. Você pode estar oferecendo a sua linda tangerina de graça, com um sorriso nos lábios. Mas nem por isso você vai encontrar alguém que a queira. Isso também acontece com a gente, com nossos sentimentos, com as coisas que temos para oferecer para os outros e para o mundo. Nem sempre somos compreendidas, aceitas, queridas e desejadas. O que não significa que o que
temos para dar não é bom. Às vezes, demora para encontrar quem queira nossa tangerina, mas isso não quer dizer que seja melhor a gente tentar oferecer maçãs, quando maçãs não estão no cardápio. Demora, mas quando a gente acha quem realmente aprecie nossa doce tangerina, a gente entende o sentido da vida. A gente entende o porquê da nossa barraca nessa feira moderna...
Entende, Juju?”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Que viagem!

Eu sempre amei viajar, pra qualquer lugar que fosse. Só o fato de sair da rotina, conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes, já me faz muito feliz. Mas passar 15 dias na Europa, na companhia de 4 primas, foi realmente sensacional! Nosso roteiro foi Paris/Amsterdam/Bruges/Londres. 4 lugares diferentes, mas igualmente encantadores!

Paris é divina! Talvez por ser o destino onde ficamos mais tempo e, por isso, aproveitamos mais, foi a cidade que mais gostei! Romântica, bege, com ruazinhas e predinhos apaixonantes, há muito com o que se encantar por lá!

Amsterdam é linda e louca! Maconha, misticismo, sexo, cultura, artesanato, gastronomia, museus, arte... Tudo isso pode ser encontrado pelas ruas da cidade que é símbolo da liberalidade. Foi o lugar onde o frio mais atrapalhou, infelizmente não conseguimos conhecer tanto quanto gostaríamos.

Bruges é muito fofa, mas foi um destino meio que perdido. A cidade é pequena e achamos que daria para fazer tudo em 1 dia e 1 noite. Mas acabamos chegando no final da tarde, sendo que iríamos embora no outro dia de manhã. Resumo: Não conseguimos fazer nada, além de um passeio na rua e algumas cervejas belgas no bar do hostel!

Londres é demais! Cosmopolita e controversa, antiga e moderna, simplesmente maravilhosa! Tem muito que se fazer, muito para ver e conhecer. Pegamos 3 lindos dias de sol e aproveitamos o máximo que nos foi permitido da cidade mais tradicional e elegante.

Saí do Brasil com o coração partido e voltei com ele renovado. Sinto que agora sim o ano começou para mim, e quero tirar proveito de tudo que ele tem a oferecer! Voltei com sede de conhecimento, de aprender, de viajar mais, de ser feliz, de viver!

“É hora de se mover, pra viver mil vezes mais!”

E, para finalizar, vou postar um vídeo que vi na internet e me apaixonei! São 3 caras, 44 dias, 11 países, 18 vôos, 38 mil quilômetros, um vulcão em erupção, 2 câmeras e quase um terabyte de imagens. Tudo para virar 3 ambiciosos conceitos lineares com base no movimento, aprendizagem e comida, em 3 vídeos maravilhosos: EAT, LEARN, MOVE. Vou postar aqui o MOVE, quem gostar e se interessar, assista aos outros 2 na minha página do facebook!


Beijos, Marina.