quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Dois e dois são quatro"

Sempre admirei as pessoas desapegadas, desprendidas, porque sempre desejei ser assim. Meu pai, quando tinhas seus vinte e poucos anos, se demitiu do trabalho, vendeu sua moto, juntou um dinheiro e foi viajar, com a cara e a coragem. Foi pedindo carona até chegar a São Luiz do Maranhão, por lá ficou uns meses, passeando, descansando, conhecendo pessoas e a si próprio, descobrindo o mundo. Reservou uma parte do dinheiro e, quando se cansou, voltou de avião pro conforto da sua casa.

Jogar uma mochila nas costas e sair pelo mundo sempre foi meu grande sonho... Que nunca saiu da imaginação, claro. Por que sou tão medrosa? Detesto isso em mim.

Eu quis fazer faculdade fora, mas desisti quando ouvi o primeiro “não” do meu pai. Diversas vezes pensei em fazer intercâmbio, mas, quando tinha que resolver tudo de fato, batia a insegurança e eu deixava pra lá. Tirei carteira de motorista e fiquei cinco anos sem dirigir, por medo. Hoje dirijo, mas ainda tenho medo de pegar a estrada. Morro de vontade de fazer uma lipoaspiração (hihi), mas também morro de medo. Tenho medo até de cortar o cabelo!

Outro dia, conversando com meu tio Bill, ele perguntou se eu teria coragem de me mudar para Marte. Jamais! E para a Nova Zelândia? Ah, pra Nova Zelândia sim, um lugar lindo, que morro de vontade de conhecer e – o mais importante – no mesmo planeta! E se você tivesse que ir sozinha, e nunca mais pudesse voltar para ver sua família? Nunca, de jeito nenhum!

Mas acho que coragem vai muito além de libertar a alma hippie que há em mim e me jogar no mundo... Para mim, coragem é, também, um exercício diário. Levantar todos os dias e ir trabalhar, correr atrás, mesmo que às vezes o salário não seja tão gratificante assim (aumento, please!). Enfrentar os problemas do dia-a-dia sem perder o bom humor (só às vezes, porque ninguém é de ferro). Ser sincera, falar o que penso, lutar pelo meu espaço. Não ter medo de amar, sentir e demonstrar. De ser eu mesma. De viver! Essa coragem, graças a Deus, não me falta!

“Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena.”
(Ferreira Gullar)

Beijos, Marina ;D

4 comentários:

  1. Geente ; Amei o seu Texto Marina , por que você não puxou o meu pai , né ? hsiuahsiuahs

    Bárbara

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  2. ameeei! e acho valido uma nova viagem das primas, pra se libertar um pouco hehe ;) Fernabda

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  3. Já li umas três vezes, só hoje.
    Amei o texto! Muiiiito!

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